terça-feira, 27 de abril de 2010

A recusa da dominação Europeia: os primeiros movimentos de independência

Com o fim da 2ª Guerra Mundial e a existência de zonas sob a influência das duas superpotências aceleraram o processo de descolonização de territórios que se encontravam sob o domínio de várias nações (independência política de muitas colónias, sobretudo na Ásia e na África). Para estes processos de crescente contestação ao domínio colonial, contribuíram factores como o enfraquecimento do poder da Europa; a posição da ONU em defesa do direito de autodeterminação dos povos e o apoio das superpotências (EUA ou URSS) à independência das colónias com o objectivo de alargar a sua influência nesses territórios e a formação das elites dos países colonizados. Neste contexto surgiram líderes e formaram-se grupos que iniciaram processos de luta de libertação nacional. A luta pela liberdade e pela autodeterminação teve diferentes caminhos, uns pacíficos e outros violentos. A Índia, que era então uma colónia inglesa, conseguiu, de forma pacífica a sua independência em 1947. Desde o fim da 1ª Guerra que a resistência ao poder britânico na Índia aumentava. Nesta resistência, destacaram-se dois grupos opostos: O Congresso Nacional Indiano, formado pela maioria hindu e a Liga Muçulmana Indiana, formada pela minoria muçulmana. Neste processo de descolonização destacou-se Mahatma Gandhi (1869-1948), defendeu a independência, alcançada em 1947, incentivando a população a desobedecer às autoridades britânicas; na África Negra recorreu-se frequentemente à negociação; o recurso à violência (ex: tácticas de guerrilha, que levaram ao desgaste das potências colonizadoras tal como aconteceu na Indochina, Indonésia, Congo Belga e Argélia); diferentes formas de resistência, a propaganda foi uma importante arma na luta pela emancipação de algumas colónias, por permitir passar a mensagem independentista, quer a nível interno, quer ao nível internacional. Nos finais dos anos 60 do século XX, a maioria dos povos colonizados havia conseguido a sua independência política.O processo de libertação das nações colonizadas estendeu-se aos vários continentes, sendo inicialmente mais intenso na Ásia e na África, o processo de descolonização estava ainda no início e arrastar-se-ia até à década de 1970.

O antagonismo dos grandes blocos- a «Guerra Fria»

Durante a 2ª Guerra Mundial, os EUA e a URSS uniram-se para vencer os nazis, mas logo que este objectivo foi alcançado, desentenderam-se, acusando-se mutuamente de pretensões expansionistas das desconfianças começaram a notar-se logo nas conferências de Ialta e Potsdam. Segundo alguns autores, o bombardeamento atómico sobre o Japão terá sido uma jogada de antecipação dos americanos sobre os soviéticos para limitar a sua influência naquela zona da Ásia.
Nos anos que se seguiram à Guerra, os objectivos económicos, políticos e militares das duas superpotências levaram à divisão da Europa e do Mundo em duas zonas de influência política e económica. De um lado, os Estados Unidos, com um regime democrático e parlamentar assente na livre concorrência e na sociedade de consumo, e do outro lado, a URSS, com um regime comunista e uma economia planificada pelo Estado.
Cada uma destas superpotências procurou expandir o seu modelo, fazendo com que a luta por zonas de influência conduzisse a desconfianças (as desconfianças levaram à vigilância dos movimentos do inimigo através da espionagem e da contra-espionagem. Para esse efeito foi criada a CIA (EUA) e o KGB (URSS) e ameaças mutuas. A guerra era esperada e temida, mas porque nunca chegou a rebentar ficou conhecida por «Guerra Fria».
Com isto a paz esteve ameaçada várias vezes:

- Em 1948-49, a ajuda dos EUA à cidade de Berlim, que se encontrava dividida em quatro sectores, levou Estaline a bloquear o acesso ao Ocidente, provocando o conflito que ficou conhecido como Bloqueio de Berlim. O facto de os Aliados terem conseguido ultrapassar este bloqueio, abastecendo a população por via aérea, levou Estaline a desistir. Daí resultou a divisão da Alemanha em duas zonas: Ocidental (República Federal Alemã administrada pela Inglaterra, França e EUA) e a Oriental (República Democrática Alemã sob o domínio da URSS).
Com isto, em 1961 foi construído o Muro de Berlim, isto é, uma barreira que dividia a cidade em dois sectores, o ocidental e o oriental;
- As guerras da Coreia (1950) e da Indochina (1954);
- A crise de Cuba, em 1962.

Este clima de tensão, conduziu a uma corrida ao armamento nuclear e á formação de duas alianças defensivas: a NATO (OTAN), no bloco ocidental (1949) e o Pacto de Varsóvia, no bloco socialista (1955).
O primeiro episódio desta «Guerra Fria» surgiu na sequência do Plano Marshall: os países comunistas viram nele um instrumento dos americanos para aumentarem a sua influência e, em alternativa, criaram o COMECON. A Europa assistia assim a um completo voltar de costas dos dois blocos (bipolarismo).
Em 1949, a URSS fez explodir a sua primeira bomba atómica e em 1952-53, ambas as superpotências passaram a dispor da bomba de hidrogénio. O Mundo ganhava uma nova forma de equilíbrio: o «equilíbrio pelo terror», nenhuma das partes avançava pois tinham a noção das consequências, assim a Guerra Fria caracterizou-se por uma política de dissuasão.
Após a morte de Estaline, em 1953, verificou-se um certo desanuviamento nas relações internacionais iniciando-se um período marcado pela «coexistência pacifica», os dois blocos concordaram em não participar em conflitos regionais nas áreas sob a sua influência e em iniciar o desarmamento.





Soldados de Berlim Oriental (RDA) constroem o Muro de Berlim. Este muro foi iniciado em 1961, era composto por 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes electrificadas e 255 pistas de corrida para cães de guarda.
80 pessoas identifiadas morreram, 112 ficaram feridas e milhares foram presas quando tentaram atravessá-lo.

A Expansão do mundo socialista

Apesar das pesadas consequências da 2ª Guerra Mundial, a URSS entrou rapidamente num período de recuperação e desenvolvimento da sua economia, contanto para isto, com as matérias-primas e as infra-estruturas dos países Europeus do Leste.
A URSS e os países da Europa de Leste recusaram a ajuda dos EUA, constituindo em 1949, uma organização de cooperação económica, o COMECON (conselho de Assistência Económica Mútua). Com o fim da 2ª Guerra mundial, a expansão do socialismo ultrapassou as fronteiras da Europa e novos países passaram a adoptar sistemas socialistas, chegando à China com a Revolução Comunista de Mão Tsé-Tung, à Coreia do Norte e à Indochina. Oito Países europeus tornaram-se socialistas. No início da década de 1960, Cuba tornou-se o 1º país latino-americano a aderir ao bloco liderado pela URSS, que superou a devastação provocada pela guerra, mantendo os mesmos princípios anteriores a 1939. Não houve ruptura no campo político e social, apenas a partir de 1953, com a morte de Estaline haveria alterações. Em 1956, Kruschev, secretário-geral do partido comunista, fez ataques a Estaline em relatório lido no 20º congresso. A crítica estimulou a abertura política.

A Hegemonia Americana

Após a vitória da Segunda Guerra Mundial, os EUA ganharam de imediato protagonismo à escala global através do Plano Marshall e da capacidade de resposta e apoio à reconstrução da Europa e do Japão, para além da sua firme oposição à erecção do Bloco de Leste pró-soviético. Depois da criação da NATO ou OTAN e do seu importante papel no quadro da ONU, os EUA reforçaram a sua política de intervenção externa em conflitos regionais sempre em vista do afastamento de potenciais regimes comunistas pró-soviéticos.
A hegemonia americana cimentou-se em grande escala no período decorrido entre a vitória dos Aliados em 1944 e a sua derrota no Vietname, em 1975, passando pela retirada da Coreia em 1953, pela humilhação da Baía dos Porcos (Cuba, 1961) e pela imolação da nação nos arrozais e florestas do Vietname até 1973. Depois veio a travessia do deserto e a partilha da supremacia económica com o Japão e a CEE, com os reveses do Líbano e do Irão, os problemas na América Central e a eterna luta com a União Soviética pelo domínio balístico intercontinental e do armamento nuclear.

Tudo começou com o poder económico americano nos anos 50 do século XX, quando os EUA eram responsáveis por mais de metade do produto interno bruto mundial (actualmente 21%), por 60% da produção industrial (actualmente 25%), entre outros indicadores de clara supremacia material, ontem como hoje.
No entanto, como se viu, e depois dos amargos anos 70 e 80 da economia americana, apesar da recuperação de finais dos 80, a hegemonia económica dos EUA não é o que já foi. Daí a procura da supremacia militar como forma de recuperar a hegemonia económica, numa nação que desde os anos 60 passou a ser também devedora, com défices e inflação por vezes assinaláveis, além de dependência energética e mineral. O carácter multinacional da economia americana depende do establishment militar do país, que lhe serve de apoio, bem como suporte de alianças estratégicas e canais de comércio abertos e seguros.
O fim da União Soviética em 1991 levou os EUA para a condição de única superpotência mundial, o que os levou a alterar a sua posição no mundo, a sua atitude política externa e a sua margem de intervenção, numa lógica de expansão que parece que só poderá conhecer rival à altura na emergente China. Mas o fim da URSS acabou com a razão de existir da NATO, cujo objectivo principal era a luta contra a URSS.



Nesta imagem podemos observar a reconstrução de edifícios em Berlim com o financiamento do Plano Marshall.



Cartaz publicitário do Plano de Marshall. O Plano Marshall põe a Europa a «navegar».